Em medicina, as ondas de choque foram utilizadas inicialmente em litotripsia, o tratamento não invasivo para fragmentar cálculos renais. Observou-se então que este tratamento tinha efeitos sobre o sistema músculo-esquelético, o que levou pesquisadores a modificá-lo e verificar seu efeito sobre a pele, ossos, músculos, tendões e ligamentos.
As ondas de choque atravessam a pele e agem nos tecidos profundos. Elas normalmente são sentidas pelo paciente quando atingem o tecido que se deseja tratar.
Quais são os efeitos no organismo?
Há um grande número de pesquisas sobre os efeitos fisiológicos nos quais foram observados. O resultado terapêutico é normalmente atribuído a três efeitos principais:
a) Analgesia: quando ondas de choque são aplicadas sobre a região afetada, inicialmente observa-se a reprodução da dor. Gradualmente, há uma redução do desconforto e, após alguns minutos, a pessoa pode não sentir mais nenhuma dor no local. Isto é observado rotineiramente durante o tratamento. Acredita-se que este efeito ocorra devido à inibição das fibras nervosas que transmitem o impulsos dolorosos (nociceptores).
b) Efeito anti-inflamatório e angiogênico: as ondas de choque estimulam a produção de óxido nítrico, uma substância que tem ação anti-inflamatória e também promove a formação de vasos sanguíneos. Acredita-se que a redução da inflamação tenha um efeito de curto prazo na melhora da dor, enquanto a formação de novos vasos facilita a regeneração tecidual.
c) Regeneração tecidual: ocorre também devido ao estímulo mecânico das ondas de choque sobre as células, que estimula o metabolismo celular e promove a multiplicação e diferenciação das células.
Como é realizado o tratamento?
O tratamento é realizado por um médico, MEMBRO DA SOCIEDADE MÉDICA BRASILEIRA DE TRATAMENTO POR ONDAS DE CHOQUE (www.sbtoc.org.br) com a utilização de um sistema gerador de ondas de choque.
Os impulsos são transmitidos pelo cabeçote do aparelho aplicado sobre a pele, com a utilização de um gel comum. O rastreamento dos pontos dolorosos é feito através do deslizamento deste cabeçote.
O tratamento envolve uma interação permanente entre médico e paciente, pois o paciente orienta continuamente o médico sobre a localização e intensidade dos sintomas que o tratamento está produzindo, o que permite ao médico direcionar e modular a intensidade dos impulsos.
O tratamento é inicialmente direcionado para as áreas que mais incomodam o paciente. É comum a identificação de outras áreas afetadas, que reproduzem os sintomas. Assim, o tratamento procura inativar os pontos dolorosos referidos pelo paciente e identificados durante o tratamento.
As sessões são agendadas em intervalos semanais. O tratamento costuma ser concluído em até quatro sessões, mas pode se prolongar em casos mais complexos.
Que condições podem ser tratadas?
Estudos clínicos indicam que o tratamento é especialmente eficaz para o tratamento de afecções de tendões e suas inserções, fáscias, ligamentos e bursas. Dores miofasciais e lesões musculares também são tratadas com bom resultado.
- Quadris: bursite trocanteriana, tendinite de glúteos, dor miofascial da musculatura da cintura pélvica
- Ombros: bursite, síndrome do manguito rotador, tendinite do supra e infraespinal, artrose acromioclavicular
- Joelhos: tendinite patelar, síndrome da pata de ganso, síndrome fêmoro-patelar
- Tornozelo e pé: tendinite de calcâneo (tendinite de Aquiles), fascite plantar, lesões ligamentares (entorses)
- Cotovelo: epicondilite ulnar e radial (cotovelo de tenista)
- Coluna: cervicalgia associada à dor miofascial, dor sacro-ilíaca e dor lombar miofascial
TIPOS DE DORES MIOFASCIAIS NO QUAL SE FAZ A LIBERAÇÃO DO PONTO GATILHO PELA ORTOTRIPSIA
Dr.Rodrigo Grion – Membro Titular da Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Ondas de Choque (SMBTOC) e Pós-Graduando em DOR pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo-USP.